II COLÓQUIO JORGE LUIS BORGES, LITERATURA E TRADUÇÃO

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Desde a publicação de L’épreuve de l’étranger de Berman e de The Translator’s Invisibility de Venuti parece ter um consenso entre os pesquisadores e os teóricos da tradução: entre os tradutores existem os estrangeirizantes e os domesticadores. Os primeiros traduzem respeitando a literalidade do texto, não escondendo que se trata de uma tradução. Os últimos tentam fazer do texto traduzido um texto que parece ter sido escrito originariamente na língua meta. Domesticar, numa época em que a liberdade individual e a vontade própria são tão importantes, não pode ser algo recomendável. Estrangeirizar, por outro lado, soa a cosmopolitismo e a tolerância e, portanto, parece necessariamente ser algo bom. Mounin chegou a falar do fenômeno da domesticação com um nome mais neutro e também mais humorístico: les belles infidèles, belas traduções, mas infiéis. Há de se notar que Berman e Venuti nunca foram grandes tradutores. Nunca foram pessoas que tiveram que viver do oficio de traduzir. Eles estudaram a tradução e tiraram suas conclusões de um ponto de vista moral e não estético. Encontraram excelentes precursores em Schleiermacher e em Benjamin que defenderam a posição de que o tradutor tem que “levar a obra ao leitor e não ao contrário”. Mas o que acontece se o leitor for preguiçoso, numa disposição de não querer ser instruído, de não querer aprender nada, querendo só desfrutar de um enredo sofisticado, de sons prazerosos, da trama de duas pessoas que se sentem atraídos um pelo outro, mas que condições sociais impedem de se unir e que o fazem apesar disso? O que acontece se ou leitor estiver somente interessado num argumento policial emaranhado com final inesperado? Borges, sim, traduziu muito. E muitas vezes, ao ler um texto traduzido por ele, pensamos que o texto foi escrito por ele, Borges, e não, por exemplo, por O. Henry. No entanto, ao ler O. Henry no original pensamos que certas expressões, certa maneira de contar, não resistiu ao passar do tempo e que Borges ‘melhorou’ o texto original. Sem Borges, O. Henry teria se afundado no oceano dos escritores medíocres, enquanto agora ele reemerge com toda a força. Talvez Berman e Venuti não tinham tanta razão,
Period18 Sep 2015
Event titleII COLÓQUIO JORGE LUIS BORGES, LITERATURA E TRADUÇÃO
Event typeConference
LocationFortaleza, Brazil